Dúvidas sobre sexo? Veja as principais dicas médicas
Sexo é bom e todo mundo gosta? Nem sempre. Dúvidas e preconceitos ainda permeiam o assunto, e ainda mais a prática, embora sexo também signifique bem-estar e saúde. Por isso, informação pode ser a chave para uma vida sexual saudável, que pode (e deve) se estender até a terceira idade de forma prazerosa.
O psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr, do Instituto Paulista de Sexualidade e o médico clínico e terapeuta sexual João Luis Azevedo Borzino, de São Paulo, responderam as principais dúvidas sobre o assunto, entre elas sexo oral, sexo anal, masturbação, cirúrgias estéticas íntimas, doenças, excesso de libido, abstinência e produtos eróticos. Confira.
As principais dúvidas sobre sexo:
O que pode e o que não pode na relação sexo e saúde?
Oswaldo Rodrigues Jr: – Sexo e atividades sexuais correlacionam-se com bem-estar e saúde. Duas vertentes precisam ser observadas para sabermos se a atividade sexual, qualquer que seja ela, é saudável ou não. A primeira é se a situação favorece a saúde da pessoa- a adequada desde que a atividade ou expressão sexual não atrapalhe a vida física ou mental do indivíduo. A segunda é a situação que não invade nem atrapalha a vida alheia. Nesta situação as atividades ou expressões sexuais não podem invadir aos outros ou infringir os direitos e a saúde sexual dos outros. Então é saudável ter atividades sexuais variadas, incluindo práticas tais quais sexo oral e masturbação, mas exclui pedofilia, necrofilia ou práticas que submetam outros que não desejem participar das atividades propostas.
Quais os problemas sexuais que mais afligem as mulheres hoje? E os homens?
Oswaldo Rodrigues Jr – As dificuldades sexuais que mais produzem busca de tratamento tem sido a inadequação sexual do casal. Individualmente implica em inibições do desejo sexual e contradições que ocorrem a partir da ejaculação rápida nos homens ou da dificuldade feminina em obter orgasmos.
Quais os riscos e as implicações de sexo oral e de sexo anal?
Oswaldo Rodrigues Jr – Em pessoas saudáveis não existem problemas que se associem ao sexo oral ou anal. Se não existem doenças a serem transmitidas, nada será inadequado se as pessoas envolvidas assim o desejarem e estiverem livres de doenças.
Como manter uma vida sexual ativa na terceira idade?
Oswaldo Rodrigues Jr – A vida sexual precisa ser mantida com frequência durante a vida toda, assim mais facilmente uma pessoa idosa continuará fazendo sexo frequentemente. Um fator importante nos casais idosos em favor do sexo implica no sentimento amoroso mantido e a manutenção de contatos físicos e carícias frequentes. As carícias no cotidiano são muito importantes. As carícias mantém a intimidade e o reconhecimento de como o prazer pode ser obtido. Os casais idosos que se consideram felizes são os casais que mantém atividades sexuais.
A menopausa influencia na vida sexual? Quais os mitos e verdades em relação ao assunto?
Oswaldo Rodrigues Jr – O climatério pode mudar as qualidades do funcionamento físico sexual das mulheres. Mulheres que deixam de produzir hormônios a partir da menopausa, tendem a ter um ressecamento vaginal que impossibilita a penetração, trazendo muitas dores. Este funcionamento pode ser melhorado com a reposição hormonal. Com a menopausa, a mulher não precisará mais se preocupar com a gravidez, podendo dar vazão ao desejo sexual pelo desejo de fazer sexo. Com a reposição hormonal a mulher poderá fazer sexo adequadamente, com saúde sempre e por muitas décadas.
Qual a real necessidade das cirurgias estéticas genitais? Quais as mais comuns e as mais incomuns?
Oswaldo Rodrigues Jr – Necessidade nenhuma. As necessidades são vaidades humanas que conduzem à percepção de que ′é necessário fazer a cirurgia′. Modificações da aparência da genitália tem sido procuradas na última década como se fossem capazes de resolver a autopercepção de inadequação ou de ′feiúra′ genital. Diminuir pequenos lábios que são maiores ou perioneoplastias (diminuindo a abertura vaginal) dificilmente resolverão os problemas de relacionamento interpessoal e de falta de prazer e bem-estar que deveriam ser obtidos com as expressões sexuais. Os homens buscam cirurgias de aumento de pênis. Os resultados são muito pequenos perto do que desejam, raramente passando de ganhos maiores que 1 a 2 cm de comprimento. Outras modificações corporais incomuns implicam a colocação de piercings em tamanhos grandes, aumento de abertura vaginal, alongamento de lábios vaginais ou de escroto.
Há uma expansão das lojas que vendem produtos eróticos? Como o senhor avalia isso? Os acessórios são necessários para manter a relação ′′apimentada′′?
João Borzino- Avalio ser um sinal positivo o fato de as lojas especializadas em produtos eróticos estarem em expansão. É uma tendência que demonstra uma redução do preconceito por parte das pessoas, que começam a entender que o sexo é o ′brinquedo′ do adulto. E, nesse sentido, quanto mais acessórios, melhor.
Quais são as doenças sexuais que mais preocupam?
João Borzino – Sem dúvida, a Aids é a que mais assusta. Mas existem outras doenças transmitidas sexualmente que as pessoas tendem a dar menos importância, porém são igualmente graves. As hepatites B e C, que podem cronificar e até evoluir para um câncer de fígado, a papilomatose viral (HPV), que, em muitos casos, é responsável pelo câncer de colo de útero, a sífilis, que pode evoluir para cardiopatias e encefalites graves, além de prejudicar os fetos de mães portadoras.
Há um limite para a libido? O que é normal? Como se caracteriza a compulsão por sexo?
João Borzino – A libido é normal na medida em que não prejudique o indivíduo e seu convívio social. Torna-se um problema, porém, quando o sexo ou os desejos sexuais passam a atrapalhar ou até impedir o desempenho laborativo e social. Pessoas que focam a maior parte de sua atenção e energia na masturbação, urgência de novos parceiros, comentários indiscretos ou abordagens maliciosas são compulsivas. E esse comportamento geralmente origina dificuldades de convivência no trabalho e em casa.
É saudável ter vários companheiros ou namorados ao mesmo tempo?
João Borzino – Não. O companheiro (a) ou namorado (a) é aquela pessoa com quem se troca intimidades e afetividades. A partir do momento em que se compartilha isso com mais de uma pessoa, o entrosamento é banalizado.
O que é saudável na masturbação? As mulheres brasileiras estão ficando mais ′′liberadas′′ e assumindo usar objetos como o vibrador?
João Borzino – A masturbação é saudável conforme a finalidade dada a ela. Se usada para autoconhecimento e o prazer, ótimo. Mas, se usada para substituir a atividade sexual, péssimo. Quanto a ′liberação′ das mulheres brasileiras, é mais mito que realidade, pois a masturbação (especialmente com acessórios) ainda é um tabu no universo feminino.
Abstinência sexual é saudável?
João Borzino – Não. Exercer a sexualidade é algo inerente ao ser humano. Sexo é uma apetência como a fome, a sede ou o sono. Necessitamos de uma boa administração desses aspectos para termos boa qualidade de vida. O problema é que algo que supostamente deveria causar prazer, para alguns pode se tornar aversivo. Um exemplo: ao imaginar que comer engorda, uma pessoa pode deixar de ter apetite. O mesmo pode ocorrer com o sexo. Ao imaginar que uma situação sexual é proibida, pecaminosa ou suja, uma pessoa pode deixar de desejar e cair na abstinência. E isso não é saudável.