Como preparar o filho mais velho para a chegada do novo irmãozinho?

Como preparar o filho mais velho para a chegada do novo irmãozinho?

A hora de dar a notícia ao filho sobre a chegada do mais novo membro da família quase sempre um momento de muita expectativa, afinal, não é nada fácil para uma criança entender e aceitar que os pais decidiram ter outro bebê. Como e quando contar a novidade? O que fazer com as inevitáveis crises de ciúmes? Partilhar ou não os mesmos brinquedos?  Essas e outras perguntas foram respondidas pela psicóloga Rita Calegari.

Como prever a reação da criança quanto à novidade?
R.C.: 
Se a criança tiver até um ano, ela vai ter pouquíssima compreensão do que é um irmãozinho. Já um pouco mais velha, com dois anos e meio, o entendimento é um pouco maior, porque ela vai perceber toda a movimentação de compras, e até  a mudança do corpo da mãe. Talvez não tenha grandes interesses, irá ter dificuldades de compreender certas situações, porque o conceito ainda é um pouco abstrato. Os pais não devem criar muitas expectativas de que a criança tenha alguma reação a isso, mas devem estar preparados para uma resposta não tão positiva.

O que a criança sente nesse momento?
R.C.: 
Ela pode ficar com ciúmes de perder a atenção dos pais, o que é uma realidade. Vai se sentir mais insegura… Conforme for crescendo, isso diminui, porque diminui a dependência das pessoas. Nessa fase, também terá o apoio dos amigos e de outros familiares.

O que os pais devem evitar?
R.C.: 
Em qualquer idade, fazer comentários que reforcem ou que estimulem o ciúme e a competitividade entre os filhos. Muitas vezes os adultos fazem isso sem perceber. Um exemplo com um menino, ‘ ah, eu sempre sonhei uma filha…’, ou então, ‘ quem sabe dessa vez nasce com os olhos da minha mãe’. A criança pode então pensar: ‘minha mãe não quer que nasça parecido comigo, porque ela queria que eu fosse diferente’.

Como trabalhar as crises de ciúmes?
R.C.: 
Primeiro entender que é normal. Isso faz parte e vai acontecer em qualquer idade. A diferença será na intensidade e na sequência delas. Os pais devem tomar muito cuidado, principalmente, com as crianças menores de 7, 8 anos de idade, porque nessa fase eles não têm uma compreensão do que a gente chama de irreversibilidade da morte.

O que seria isso?
R.C.: 
A criança não entende que a morte é uma coisa que não tem volta, e pode acontecer dela fazer alguma coisa perigosa para o bebezinho. O importante é sempre monitorar. Com os mais velhos isso já é mais difícil, porque já sabem que se eferir o irmão, vai ser para sempre.

Tem pais que incluem o mais velho nas tarefas de cuidados com o irmãozinho. Isso é legal?
R.C.:
 Dependendo do que fizer e da idade que a criança tiver, incluir não é uma boa ideia. Os pais podem, sim, convidar. ‘Você gostaria de abrir o presente que seu irmãozinho acabou de ganhar?’, ou então, ‘você gostaria de me ajudar a dar banho nele?’.

Como que os pais devem organizar a divisão do quarto?
R.C.: 
Isso deve ser feito aos poucos. Eles devem dialogar, explicar. É ideal que os adultos levem o filho mais velho para comprar o enxoval, por exemplo. É importante também incluí-lo no assunto, fazer perguntas do que ele acha. Tudo para que a criança possa expressar as opiniões dela.

E quanto à separação dos brinquedos?
R.C.:
 No começo pode ser que o mais velho não queira dividir. É importante respeitar isso e ir mostrando que conforme o mais novo também ganha presentes e divide, ele, que é mais velho, também vai ter que fazer o mesmo.

Como lidar com situações do tipo, a criança voltou a chupar chupeta, ou então, está novamente fazendo xixi na cama.
R.C.: 
É preciso ter muita paciência, aguardar pelo menos um mês depois da chegada do irmãozinho para efetivamente se preocupar com essa regressão. Em um primeiro impacto, pode só significar que a criança ficou insegura. Não precisa brigar, nem deve. A dica é, converse e mostre que a criança não precisa mais daquela atitude. Em torno de um mês a 40 dias, o comportamento deve voltar ao normal. Caso contrário, vale a pena conversar com um pediatra ou um psicólogo e pedir orientações.

Fonte: Daquidali