Seja disputada no mercado de trabalho

Seja disputada no mercado de trabalho
Saiba como conquistar a vaga dos sonhos
 
Então seu telefone toca e não é um desabafo daquela amiga que briga com o namorado todos os dias nem a voz monótona da atendente de telemarketing oferecendo mais uma promoção imperdível. É um profissional de RH convidando você para encarar um processo seletivo que pode levá-la até a vaga com que sempre sonhou. E você não quer perder essa oportunidade, certo? Infelizmente não há uma receita padrão para se dar bem em todas as entrevistas de emprego. mas alguns ingredientes básicos vão ajudá-la a encarar esse momento delicado com muita calma e confiança. Para descobrir quais são os elementos de sucesso, conversamos com experts da área e revelamos o que faz a cabeça dos recrutadores na hora de selecionar uma candidata para um novo emprego. a escolhida vai ser você!

MENOS É MAIS

Currículo não é diário ou um livro sobre a sua vida. O recrutador não espera ler ali que você foi representante de classe ou que ganhou o concurso de melhor figurino na festa da escola. Vá direto ao ponto. Duas páginas, no máximo três, são suficientes — até para quem tem experiência. Melhor evitar textos corridos e usar tópicos. Inclua formação e histórico profissional, destaque os setores em que deseja atuar e estruture sua experiência pontuando empresa, cargo, período, área de atuação, responsabilidade e resultados de projetos que você tocou. E nada de bordas coloridas, fotos, letras rebuscadas e logos de todas as empresas em que você trabalhou. Controle-se para resumir as informações e escrever tudo com clareza (e sem erros de português).”Currículos lotados confundem e fazem com que a candidata passe a imagem de pouco objetiva”, diz Lucila Yanaguita, da Search Consultoria de RH, em São Paulo. Esse foi o erro da designer Alessandra Mendes, 33 anos. Ela se empolgou e destacou características demais — algumas que nada tinham a ver com a vaga. “Abri muito o meu leque e fui mal interpretada. Se tivesse sido assertiva, provavelmente teria tido mais sucesso na disputa”, conta Alessandra.

DETECTOR DE MENTIRAS

Nunca minta no currículo. Não vale nem aumentar algo para parecer mais competente. Os recrutadores são treinados para saber se você está falando a verdade. Uma das técnicas é fazer a mesma pergunta de formas diferentes. Se a resposta for contraditória, eles detectam a mentira na hora. Não se assuste se pedirem para você descrever o projeto mais complexo da sua carreira e, um tempo depois, perguntarem que tipo de desafio você gosta de enfrentar. Fazem isso para ver se você é coerente e não está inventando nada. Testes comportamentais, psicológicos e de competência, redes sociais e referências pessoais também são formas comuns de verificar a sua imagem no mercado. “Isso faz parte, pois a nossa credibilidade está em jogo”, diz Amanda Oliveira, da consultoria Hays, em São Paulo. Uma pesquisa da empresa de recrutamento executivo Robert Half, em São Paulo, feita com 2 525 executivos, descobriu que 42% dos profissionais de RH dizem que os candidatos exageram no currículo. Os erros comuns? Aumentar a experiência e mentir sobre idiomas. “Muitos têm o inglês básico e dizem que são fluentes”, diz Marcela Esteves, da Robert Half. “A língua será testada e quem mente não conseguirá justificar o fracasso”, completa. Cuidado!

DESCONTROLE, JAMAIS

Ao ir para a entrevista, deixe a insegurança e o nervosismo em casa. Quando você está com os nervos à flor da pele, não mostra o seu potencial. Não tem problema sentir o friozinho na barriga, mas não deixe isso sabotá-la — a insegurança impede você de apresentar boas ideias e de raciocinar com clareza. Se estiver muito nervosa, Amanda dá um conselho: “Vale dizer que está tensa; isso cria empatia”. Mas não abuse da intimidade. Criticar o empregador, ironizar algum produto que a empresa vende e descascar o ex-chefe são pecados imperdoáveis. “Falar mal dos outros prejudica muito a imagem de qualquer profissional”, afirma Lucila.

COERÊNCIA JÁ

Não faz sentido destacar informações no currículo e, na ntrevista, falar sobre competências que nada têm a ver com o seu perfil ou com a vaga. A forma como você se comunica e se comporta é avaliada também. “Boa articulação e habilidade para lidar com pessoas são diferenciais”, diz Marcela. Antes de se candidatar, pense, com sangre-frio, se você tem o perfil. Ser adequada a uma vaga não é só questão de competência, mas de como se sente em determinada função. Por isso, seja honesta com você e com o entrevistador: “Não adianta mudar sua ética ou fingir ser quem não é. Você pode ser contratada, mas não vai conseguir mascarar seus valores depois e ficará infeliz”, diz Marcela.

SEM NARIZ EMPINADO

Ok, você não deve se descontrolar e precisa ficar calma. Mas nada de passar uma imagem de arrogância. Isso aconteceu com Tabatha Gouvêa Branco, 31 anos, formada em turismo e hotelaria. Em um processo seletivo de várias etapas, ela se sentiu segura por chegar até o final e saber que era uma candidata com alto potencial. A segurança em excesso, no entanto, acabou com as chances de Tabatha, que perdeu a paciência com a recrutadora. “Eu falei que não sabia aonde aquela entrevista iria chegar com tantas perguntas”, diz. A recrutadora, decepcionada, disse que precisaria repensar a contratação. “Eu não soube lidar com a situação porque me esqueci de que estava sendo avaliada”, diz. O que faltou a Tabata foi lembrar-se de que ainda não era dona da vaga. “Até que se comece a trabalhar, é preciso ter cautela, serenidade e equilíbrio”, diz Marcela.

DE OLHO NAS REDES

Participar das redes sociais é importante para manter contato com colegas,chefes e empresas que podem fazer uma proposta interessante a qualquer momento. Só que você nem imagina quanto estar na comunidade “Odeio segunda-feira” pode ser prejudicial. A pesquisa da Robert Half revela que 44% dos recrutadores não contratariam alguém que tivesse cometido deslize na internet. “Tudo o que você posta é público e viaja rápido pela rede”, diz Gil Giardelli, professor da ESPM, em São Paulo. Os recrutadores vão dar um Google no seu nome, não se iluda. Eles só querem saber se você tem a ver com a vaga. “A internet se lembra de tudo”, diz René de Paula Jr., especialista em redes sociais. Mas atualizar o perfil com conteúdo bacana, como um comentário sobre um livro renomado, é importante para mostrar o melhor de si mesma.

VIDA REAL

No momento em que for encarar os entrevistadores, evite usar clichês. Por mais que você ente, eles não vão acreditar que o seu defeito é ser perfeccionista e que seus colegas reclamam da sua proatividade. Eles sabem que essas construções vazias não dizem nada de concreto sobre o seu perfil. Para se sair bem, é simples: mostre o que você já fez. Fale sobre os projetos dos quais participou e dos desafios que enfrentou. Os recrutadores precisam de exemplos objetivos para entender as suas qualificações. E não tenha vergonha de dizer por que mudou de empresa ou saiu de seu último trabalho. Segundo a pesquisa da Robert Half, um dos pontos em que os candidatos mais exageram é nas razões por terem deixado o antigo emprego. “Falar que pediu demissão por incompatibilidade ou impossibilidade de crescimento quando na verdade foi demitida ou brigou com o chefe é outro erro. Se descobrirmos a mentira, pega muito mal”, ressalta Lucila. Mantenha a sinceridade e conte como foi a sua trajetória. “Entender os caminhos trilhados pelos candidatos é essencial para saber quais são seus objetivos”, diz Amanda.

Fonte: Nova