Coaching – Saiba porque traz resultados
Ter a compreensão das funções da psicoterapia contribui muito para a eficaz atividade de coaching e também tem relevante contribuição para a atividade de coaching.
Na metodologia de coaching, a porta de entrada não é mais a cura de uma dor, mas sim o “wonder”, a vontade de autorrealização, de melhor agir no mundo, o empenho por aprimorar-se focando um campo de ação de cada vez – em especial, o campo do trabalho, da carreira profissional. Na linha de trabalho do coaching, aceita-se trabalhar, simultaneamente, as técnicas de coaching, mentoring ecounselling, e ainda as questões culturais e cognitivas que possam estar limitando o desempenho do cliente. No coaching, o coach e o cliente revisitam a organização do tempo, da trajetória profissional, das finanças, do lazer, do casamento, da família, da saúde, dos projetos pessoais, da vida que quer construir e ainda as crenças e preconceitos que dificultem ao cliente ter uma visão mais produtiva de si e da vida.
Aqui, não é hora de “deixar a vida me levar”, mas sim da vida cujo comando e responsabilidade são assumidos pelo cliente, sem a rigidez de um piruá – para o bem ou para o mal. Errar, arriscar, tentar, empenhar-se, experimentar, aprender com as experiências bem e mal sucedidas, agir, colher os frutos e analisar, honestamente, se o que ocorreu é consequência das circunstâncias, do acaso ou de trabalho intencionalmente direcionado para os objetivos desejados.
O coaching é uma alternativa que está disponível aos que desejarem caminhar rumo à autorrealização. A ferida da alma está lá – sabemos, pois todos as temos. Mas o que as revelará será o próprio desempenho, as ações e as reverberações no ambiente. Os próprios fatos trarão a ferida atuando no mundo, nos relacionamentos, nas decisões, e a arte e a técnica do feedback – ferramenta fundamental que o coach precisa elaborar, tendo por base o Amor pelo cliente – é um estímulo à percepção que este terá de sua ferida e para a sua decisão do que fazer com ela.
O coaching foca a ação no cotidiano e a magnífica capacidade do cérebro humano de pensar, refletir, redesenhar a compreensão de mundo a partir da revisão de conceitos (alguns preferem chamar de crenças). Assim, oferece a oportunidade de redesenhar o próprio mundo e inaugurar novos caminhos neurais, ou seja, o cérebro se modifica, novos hábitos, alinhados com objetivos de vida, são estabelecidos, e os trilhos da própria história passam a ser construídos.
A partir de uma relação de confiança e do preparo rigoroso do coach, estabelece-se parceria que facilita o crescimento de ambos os atores (porque nas relações saudáveis, todos aprendem) , mas, especialmente, focado nas necessidades ou desejos do cliente. Enfoca-se a possibilidade de assimilação de uma nova atitude perante a vida, que se dê conta do uso produtivo do próprio tempo, que se interesse por aprender – se possível, estudar. Não se pretende nada mágico, ou imediato. Nada de varinha de condão. Estimula-se o cliente a usar o tempo – que é vida – a seu favor, a conscientizar-se que é desejável valorizar o trabalho, que tenha amor por si, pelo outro, aplique seu tempo em atividade produtivas e desenvolva capacidade de renunciar as atividades que não estejam alinhadas com seus objetivos pessoais e funcionais.
Assim a vida não passa – a vida se vive. Ajudamos o cliente a pegar a pena (em seu duplo sentido) e a escrever a sua vida, com mais atenção, mais percepção, mais senso de direção.
E voilá! Eis que o cliente realiza a si mesmo!
Então porque, afinal, o processo de coaching gera resultados?
Porque combina, de um lado, memória de si (anamnese), perguntas estimuladoras, feedback, a reflexão e revisão de conceitos e objetivos de vida e acompanhamento das atividades alinhada com seus objetivos pessoais e funcionais – o acompanhamento como aqui colocado é o que diferencia o coaching das demais técnicas de ajuda.
O Coaching também possibilita revisão periódica, sistemática ou não, das próprias atitudes e comportamentos, porque estimula a assumir responsabilidade sobre os próprios atos, decisões e omissões e a não culpar terceiros ou circunstâncias.
A função da reflexão e da revisão de conceitos tem consequências no mapeamento mental que o indivíduo tem de si e do mundo, além de facilitar a alteração de crenças, preconceitos e crenças limitantes.
Ainda, por se dar num contexto o mais próximo possível de relação equânime e confortável, tende a ser dueto para um só, onde a relação de ajuda estabelecida, por vocação e contrato, estimula o crescimento do indivíduo. Numa circunstância de confiança, usa os instrumentos relatados aqui de forma combinada e sempre visando a atender o momento do cliente.
Por considerar o ser Humano em seus aspectos lógicos e afetivos, trabalha os aspectos cognitivos e emocionais, integrando ambas as funções e multiplicando as possibilidades humanas (inteligência, conhecimento e coração isoladamente, são funções parciais. Inteligência e emoção, juntos, encaminham para a autor- realização e pode levar o indivíduo ao cume da caminhada humana: a sabedoria).
Se este artigo estimular colegas coaches a participarem do esforço em enriquecer a formulação da resposta à questão colocada no título deste texto, os autores atingiram seu objetivo, e o terão superado se receberem manifestações de concordância ou de discordância, por que o conhecimento só evolui na diversidade, assim como a vida.
Rita Hetem – Psicóloga e life coach, especializada em coaching.