Cuidado: maquiagem definitiva tem duas facetas

Cuidado: maquiagem definitiva tem duas facetas

Nos casos em que o resultado não agrada, a remoção da maquiagem definitiva pode atenuar os defeitos, mas não eliminar completamente a pigmentação

 

Cobrir falhas em sobrancelhas e garantir lábios bem desenhados e mais carnudos, ou ainda realçar o olhar com um traço que substitui o delineador são algumas vantagens que a maquiagem definitiva ou microdermopigmentação proporciona a quem decide passar pelo procedimento. 

Apesar de facilitar a vida e realçar os traços do rosto, o problema com a maquiagem definitiva aparece quando o resultado não sai conforme o esperado. ′′O efeito exagerado e artificial de sobrancelhas e lábios pode acontecer, e a remoção completa do pigmento ainda não é uma possibilidade para a medicina′′, explica o cirurgião plástico Julian Gorini. ′′O processo de remoção vai clarear o local, mas não garante a retirada completa dos pigmentos. O resultado vai depender também da cor e do tipo de pigmento utilizado′′, esclarece o cirurgião. Cores mais fortes como preto e azul são mais facilmente removidas. No caso das tatuagens, em que é comum recorrer aos tons de amarelo, laranja e verde-claro, essas cores são ′′praticamente irremovíveis′′, avisa Gorini. 

A boa notícia é que nos Estados Unidos especialistas desenvolveram um tipo de pigmento encapsulado chamado ′′Freedom 2′′. De acordo com o médico, a promessa é de que com apenas uma sessão de laser esse pigmento poderá ser removido. O produto ainda não chegou ao Brasil, mas deve ser o futuro no mundo da maquiagem definitiva e tatuagens, revela Gorini. 

Hoje, a remoção dos pigmentos é realizada com a aplicação do laser Q-Switch na região maquiada ou tatuada. O mecanismo de ação do laser rompe o pigmento, que será em seguida absorvido pelo organismo e eliminado. Em média, serão necessárias de 4 a 6 sessões para concluir o tratamento, respeitando um intervalo de um mês entre uma aplicação e outra. O custo também varia conforme o tamanho, as cores e a profundidade da maquiagem ou tatuagem. 

Na rotina de consultório, Gorini relata que são as sobrancelhas o principal motivo de queixas levadas por pacientes. ′′As principais reclamações são de mulheres que tiveram as sobrancelhas mal desenhadas, com um traço que foge do desenho natural′′, conta. 

O complicador nesses casos é a dificuldade de aplicar o laser nas áreas onde existem pelos. ′′O uso do laser em sobrancelhas e pálpebras acaba extraindo pelos e cílios. Por isso não é recomendado′′, esclarece Gorini. Já para a remoção do traço no contorno da boca o laser é indicado, e será eficiente, garante o cirurgião. 

Outro fator apontado pelo cirurgião é o risco de ocorrer hipopigmentação da área, deixando o local esbranquiçado depois da aplicação do laser, ou a hiperpigmentação da região (escurecimento da pele). 

É por essa razão que Gorini é enfático em afirmar que tanto a maquiagem definitiva como a tatuagem, por serem procedimentos sem retorno até o momento, precisam ser avaliados com critério. ′′Quem passa pela maquiagem definitiva, vai apresentar alterações se quiser removê-la. Por isso é importante pensar bem antes, e caso a pessoa se decida pelo procedimento, não esquecer de procurar um profissional qualificado para realizar a maquiagem′′, ressalta. 

Maquiagem convencional não pode ser abandonada 

Mes­mo as mu­lhe­res que pas­sa­ram pe­lo pro­ces­so de ma­quia­gem de­fi­ni­ti­va não po­dem ­abrir mão dos tru­ques al­can­ça­dos com pin­céis, lá­pis e ba­tons. Se­gun­do a ma­quia­do­ra Pa­tri­cia Oha­ra, que faz par­te do ­staff do Jac­ques Ja­ni­ne em Lon­dri­na, a ma­quia­gem de­fi­ni­ti­va vai per­den­do a cor com o tem­po, por is­so o uso de som­bra e pin­cel chan­fra­do aju­dam a mo­de­lar prin­ci­pal­men­te as so­bran­ce­lhas no ca­so de o pig­men­to ‘‘­apagar’’. 

Na opi­nião de Pa­tri­cia, o efei­to es­té­ti­co do pro­ce­di­men­to de­fi­ni­ti­vo vai de­pen­der do pro­fis­sio­nal que apli­car os pig­men­tos. ‘‘Já vi mui­tas so­bran­ce­lhas bo­ni­tas e ben­fei­tas. Só ­acho que a pes­soa não po­de ter in­se­gu­ran­ça; é pre­ci­so ter cer­te­za an­tes de se de­ci­dir por es­te ti­po de ­maquiagem’’, aler­ta. 

Os ca­sos ­mais in­di­ca­dos pa­ra es­se pro­ce­di­men­to, de acor­do com a ma­quia­do­ra, são mu­lhe­res com lá­bios fi­nos e as pes­soas que uti­li­zam lá­pis ou de­li­nea­dor dia­ria­men­te. ‘‘Ima­gi­ne le­van­tar de ma­nhã e es­tar pron­ta, ma­quia­da. Pa­ra es­ses ca­sos ­acho ­interessante’’, re­ve­la.