Cuidados ao praticar atividades físicas em excesso

Cuidados ao praticar atividades físicas em excesso

Basta abrir o INSTAGRAM para pipocarem fotos do pessoal de fitness com suas rotinas de exercícios, vida saudável, alimentação regrada, suplementação às vezes beirando até o exagero. A rede social acabou virando o guru da malhação, entretanto o culto ao excesso de exercícios não faz nada bem, é o que nos orienta Dr. Fábio Cardoso especialista em medicina preventiva, membro da Associação Brasileira de Medicina Antienvelhecimento e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.

O exercício físico melhora nossa qualidade de vida, o humor, a autoestima, a aparência, nossa saúde física e mental, diminui a ansiedade e depressão, e em alguns indivíduos provoca um aumento do estado de euforia talvez esse possa ser um dos motivadores pelo qual o exercício se torna tão importante para muitas pessoas.

Mas atenção, conforme nos alerta Dr. Fábio, quem se torna um viciado em academia ou treinos de qualquer espécie pode sofrer o efeito contrário. Existe sim um risco inerente da Síndrome do Excesso de Exercício Físico que é o aumento do risco de morte súbita ou arritmias cardíacas complexas em qualquer indivíduo, não só naqueles que possuem algum histórico cardiovascular.

O mecanismo do overtraining, ou excesso de treinamento, é um círculo vicioso. O primeiro sintoma é a falta de rendimento no exercício, causada por um excesso de treinamento, que, por sua vez, leva ao aumento da prática de atividades físicas. Ao perceber que não está obtendo o resultado desejado, a pessoa acredita que é porque está malhando pouco e aumenta a dose, quando deveria descansar.

Intensificando o treinamento, a pessoa começa a sentir outros sintomas que vão desde aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, insônia, irritabilidade e queda do sistema imunológico, entre outros.

A situação é bem mais muito preocupante do que parece, com o “boom” das redes sociais, das fit-maníacas, praticar exercício virou uma febre e as pessoas estão se exercitando mais do que devem, pecando pelo excesso. Segundo dados americanos, 6 em cada 10 frequentadores de academia tiveram, têm ou terão overtraining e nossa realidade não é nada diferente.

Mas o que é treinar demais? Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte, e a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, é considerado sedentário o indivíduo que pratica menos de 150 minutos de atividade física moderada por semana, isto nos dá 20 minutos 6 vezes ou 30 minutos 5 vezes por semana a partir daí temos evidência científica de que conseguimos gerar todos os efeitos positivos decorrentes do exercício físico.

Entre 150 e 300 minutos por semana (50 min 6 vezes, ou 60min 5 vezes), temos segurança em indicar o treino moderado, com múltiplos tipos de treinamento (aeróbico, treino com pesos, alongamentos).

Agora a partir de 300 minutos por semana aumentamos em muito os riscos de complicações e lesões induzidas, ainda mais nos casos em que se compete (resultado esportivo).

Pergunte à qualquer atleta de alto rendimento e a palavra saúde parece não encaixar de forma correta na rotina dele. Pois o treinamento neste nível gera estresse físico e mental, mas o atleta tem como profissão o esporte, e quem não vive disto? Cair na armadilha do overtraining é muito mais fácil hoje do que há dez anos atrás. A pessoa que treina desatinadamente já carrega o estresse do dia-a-dia, no trabalho, em casa ou no trânsito da rua, dormindo mal e nem sempre se alimentando como deveria, assim, o exercício, que deveria funcionar como válvula de escape, acaba virando um fator a mais de estresse.

Às vezes, o problema não é o excesso de exercícios puro e simples, mas a repetição exagerada sobre uma única estrutura do corpo -o chamado over use, espécie de overtraining concentrado em uma parte do corpo. Acontece mais frequentemente em esportes de movimento específico (corrida, ciclicismo, tenis, musculação, etc.), principalmente quando não se respeita descanso, recuperação.

Pessoas viciadas são caracterizadas por um comportamento compulsivo por exercício, isto é, um excesso de envolvimento em atividades físicas ou esportivas. Uma agenda rígida de exercícios intensos é mantida e frequentemente acompanhada de fortes sentimentos de culpa quando essa agenda é interrompida.

Ainda segundo o médico, o esporte nos faz esquecer problemas por certo tempo, nos faz sentir emocionalmente melhor quando o corpo está na forma que desejamos, mas quando o esforço físico é o único propósito na vida e outras atividades são sacrificadas vira uma obsessão com o tempo uma doença.

É preciso esclarecer que ninguém deve interromper suas atividades físicas, mas é importante observar os sinais de vício comentados acima, adequar volumes e intensidades de treinamentos, individualizar, para não pagarmos o preço depois.

Ser saudável é estabelecer uma rotina que faça bem para corpo e mente lembrando que somos uma combinação dessas duas partes, considerando que nem sempre mais é melhor.

 

fonte: melhoramiga.com.br