Mitos e Verdades quando falamos de pele

Mitos e Verdades quando falamos de pele

Esta matéria é para quem é megavaidosa mas nem por isso quer colocar a saúde a prêmio: o livro Can You Get Hooked on Lip Balm? (Lip balm pode viciar?), de um grupo de especialistas em beleza criadores do site thebeautybrains.com, traz explicações científicas para perguntas inusitadas sobre pele e cabelo. Curtimos a ideia e levantamos questões que mudarão sua atitude diante de produtos e de dermatologistas.

Quanto mais alto o FPS, maior a chance de o protetor solar causar espinhas?

Não. há essa impressão porque os produtos com FPS alto são mais oleosos. No entanto, na maioria dos casos, a irritação e a acne estão relacionadas à textura inadequada ao tipo de pele. “Não dá para dizer a partir de qual fator de proteção solar esse problema pode acontecer. Porém, de modo geral, um FPS que protege e não prejudica a pele é o 15”, diz Adilson Costa.

Para ficar viciada em hidratante labial?

Sim. Mas não se trata de dependência física ou química (não há nenhum ativo que faça você usar mais e mais), e sim de transferir a ansiedade que anda sentindo para o ato de aplicar o lip balm o tempo todo. Explica-se: a mucosa dos lábios está sujeita a ressecamento, mas ele é bem tolerado. O problema é que, quando você está estressada, esse desconforto é elevado à décima potência. “Para resolver o incômodo, algumas mulheres aplicam o cosmético de forma contínua e inconsciente”, diz a dermatologista Luciana Conrado, de São Paulo.

Um creme anticelulite sozinho é capaz de dar cabo dos furinhos?

Muito difícil, a não ser que o seu problema se resuma a pequenas ondulações. “de modo geral, os anticelulíticos estimulam a circulação linfática e a produção de colágeno, o que reduz o inchaço e melhora a firmeza e a elasticidade da pele, respectivamente. daí eles serem indicados para quem tem celulite leve ou para prevenir os furinhos”, afirma a dermatologista Doris Hexsel, de Porto Alegre, professora de cosmiatria da PUC-RS.

Protetor solar é o melhor anti-idade que existe?

Para prevenir o envelhecimento precoce, sim; para tratar os sinais, não. Nesse caso, o queridinho dos médicos ainda é o ácido retinóico. “Para funcionar como um antiage, o protetor solar deve ter FPS 15, no mínimo, e ser reaplicado a cada duas horas”, diz o dermatologista adilson Costa, de São Paulo.

Há mesmo quatro tipos de ruga?

“Essa foi a conclusão de uma pesquisa publicada no Journal of Cosmetic Science”, diz a dermatologista Eliandre Costa Palermo, de São Paulo. de acordo com os estudiosos, as rugas podem ser: finas, relacionadas à perda do colágeno e mais comuns nas branquinhas; profundas e em forma de vincos permanentes, causadas pela queda acentuada do colágeno a partir dos 45 anos; de expressão, provocadas pelos movimentos que fazemos ao falar ou sorrir; ou gravitacionais, que surgem devido às dobras que se formam na pele flácida.

Tirar cutícula faz mal?

“Pode fazer, já que essa pele bloqueia a entrada de fungos e bactérias na matriz, a parte responsável pelo crescimento da unha. Com isso, ela perde o brilho, engrossa ou descama, e a área ao redor do dedo fica inchada, vermelha e dolorida”, diz o dermatologista Joaquim Mesquita Filho, do Rio de Janeiro. Para não ter problemas, dê uma de europeia: empurre a cutícula com uma espátula e remova apenas o excesso com o alicate.

Desodorante e antitranspirante são a mesma coisa?

Não. Segundo a dermatologista Bertha tamura, de São Paulo, o desodorante até pode ter os mesmos componentes do antitranspirante, porém ele traz perfume, porque seu papel é eliminar odores ruins. Já a função do antitranspirante é reduzir o suor. Na prática, deixe-o para quando precisar de mais proteção

Um remédio pode alterar a cor ou a textura do cabelo?

Sim. Ainda não se sabe por que isso acontece, mas, de acordo com a dermatologista Isabella Doche, de São Paulo, pesquisadora da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, há mais chances de isso ocorrer com medicamentos usados na quimioterapia ou à base de cloroquina (para combater artrite reumatoide ou lúpus). De qualquer forma, tudo volta ao normal algumas semanas depois que o tratamento termina.

É comum deixar de sentir o próprio perfume?

Sim, tanto que isso tem até um nome: saturação olfativa. Quem explica é a perfumista da Natura Verônica Kato: “As narinas têm receptores que captam as moléculas do perfume e as transportam para a região do cérebro responsável por decifrar a fragrância. Quando esses receptores ficam saturados, a gente vai deixando de senti-lo”. Não há data para isso acontecer, mas o processo é acelerado em quem usa perfume forte. “Para descansar o nariz, troque de aroma de tempos em tempos.”.

A poluição é tão ruim para a pele quanto dizem?

Se é! No quesito grandes inimigos, ela só perde para o sol. “As toxinas emitidas por indústrias, veículos e cigarro comprometem a microcirculação local. Isso prejudica a chegada de nutrientes e oxigênio à pele, entope os poros, causando acne, e libera radicais livres, que matam as células produtoras de colágeno e elastina, levando a flacidez precoce, perda do brilho e escurecimento do rosto”, afirma a dermatologista carioca Andréia Mateus.

Creme facial manipulado é melhor do que industrializado?

Há prós e contras nos dois casos. A favor dos manipulados estão o preço e a possibilidade de personalizar a combinação dos ingredientes. “Por outro lado, as chances de instabilidade nas formulações são maiores e é preciso ficar atenta à procedência dos ativos”, diz a dermatologista Luciana Rabello, de João Pessoa. Já os industrializados ganham pela formulação mais estável e segura, validade prolongada, controle de qualidade e fiscalização.

O que um cosmético precisa ter para ser rotulado como orgânico?

Segundo Maurício Pupo, pelo menos 95% de ingredientes orgânicos, o que significa respeitar as normas ambientais, utilizar os recursos naturais de forma equilibrada, entre outras exigências das empresas certificadoras. Os outros 5% da composição podem ser de origem não natural, desde que não sejam transgênicos, derivados de petróleo, corantes ou fragrâncias sintéticas.

O creme para a área dos olhos precisa ser diferente do usado no restante do rosto?

Sim. Como a pele das pálpebras é uma das mais finas e sensíveis do corpo, as concentrações dos ativos devem ser mais baixas e a textura do cosmético, mais leve. Tudo para evitar irritação ou alergia. “A consistência também muda para que o produto não escorra e irrite os olhos”, diz a dermatologista Patrícia Ormiga, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Make vapt-vupt

O segredo está nas nanopartículas de ácido hialurônico, que, ao penetrarem na mucosa, atraem as moléculas de água e incham em questão de minutos. “O incremento varia de 10 a 20%, dependendo da concentração do ativo no batom. O efeito pode durar até seis horas”, diz o farmacêutico Maurício Pupo, do Instituto Maurício Pupo de Educação e Pesquisa, em Campinas (SP).

Toxina botulínica prejudica o cérebro?

Não. Segundo a dermatologista Carla Pecora, do Departamento de Dermatologia da Unifesp, no mundo todo existe um único trabalho que encontrou vestígios de toxina botulínica no sistema nervoso central de ratos três meses depois de a substância ter sido injetada na musculatura periférica dos bichinhos. “Mas essa pesquisa é questionada. Primeiro, pela falta de outros estudos, e, segundo, porque a dose da substância utilizada nas cobaias foi muito alta”, esclarece a médica.