Profissão e a interferência na fertilidade da mulher
O comportamento feminino definitivamente mudou em relação a muitas áreas da vida. Mas o impacto na carreira, no casamento e na família chama atenção. Na ânsia de conquistar estabilidade profissional, é cada vez mais comum que a mulher adie os planos de ser mãe para depois – mesmo correndo o risco de enfrentar uma condição que vem aumentando nos últimos anos: a infertilidade.
A taxa de infertilidade da população mundial gira em torno de 15% e está se elevando rapidamente. A idade da mãe é uma das causas mais comuns. Depois dos 40 anos, por exemplo, as chances de engravidar naturalmente despencam de 20% para 8%. “As causas da infertilidade podem ser atribuídas igualmente a homens e mulheres, com 40% cada. Os 20% restantes dizem respeito a outros fatores. Certamente, o fato de adiar a maternidade e se entregar, muitas vezes, a um ritmo de trabalho estressante pode dificultar bastante a realização do sonho de ser mãe”, diz Assumpto Iaconelli, especialista em Medicina Reprodutiva do Fertility – Centro de Fertilização Assistida, em São Paulo.
Como impedir que o estresse profissional adie os planos de gravidez? “Novas tecnologias têm permitido engravidar com idade cada vez mais avançada. Em alguns casos, entretanto, a mulher tem de dar um tempo na carreira e seguir adiante com o tratamento para engravidar”, diz o médico – chamando atenção para o fato de que, durante o tratamento, a paciente também terá de aprender a lidar com um alto grau de ansiedade. “A impossibilidade de gerar filhos de forma espontânea resulta em uma grande pressão social. As mulheres sentem-se diferentes das outras, como se fossem as únicas pessoas do mundo a não conseguir engravidar. É preciso oferecer todo um suporte emocional a elas nessa fase”.
Na opinião do especialista em reprodução humana, muitas vezes a decisão de parar de trabalhar para tentar engravidar não é a melhor opção. “Para quem está acostumada a entregar projetos de curto prazo, tomar decisões estratégicas e assumir uma série de responsabilidades profissionais, a autocobrança gerada pelo impacto dessa decisão pode ser até pior. Com certeza, a ansiedade gerada pela perda de competitividade no mercado de trabalho pode ser tão maléfica do ponto de vista psicológico quanto a tentativa de gerar um filho”.
Independentemente de parar de trabalhar ou não para engravidar, a boa notícia é que existe uma tecnologia de ponta para quem deixou para ter o primeiro filho em idade avançada. “Tem aumentado bastante o número de mulheres na faixa dos 40 ou 50 anos que desejam encarar uma gravidez. Mas é importante que recebam – além do aconselhamento genético e do suporte psicológico – um acompanhamento médico durante a gestação, pois frequentemente existem doenças sistêmicas associadas, como cardiopatias, hipertensão arterial e diabetes. Outro ponto fundamental é buscar tratamentos alternativos para manter a ansiedade sob controle durante o tratamento de fertilização in vitro, como forma de equilibrar o emocional das futuras mamães”, diz Iaconelli.
Dr. Assumpto Iaconelli