Até onde vale a pena mudar para agradar o parceiro?

Até onde vale a pena mudar para agradar o parceiro?

É possível realmente mudar para entrar em harmonia com o parceiro? Até que ponto é válido moldar seu jeito de ser para agradar? Esse questionamento, que já esteve presente na vida de muitos casais, agora movimenta a novela “Salve Jorge” através da brasileira Bianca (Cleo Pires) e o turco Zyah (Domingos Montagner): o relacionamento já sente os abalos por conta das personalidades e culturas diferentes. “Na trama, ela pode ceder em relação às coisas que são da religião dele. Mas no que ele está cedendo? Tem que existir uma troca. Se só um cede, isto se acumula e depois vira cobrança”, analisa Ana Bock, psicóloga da educação da PUC de São Paulo.

Para a especialista, sempre que duas pessoas se envolvem, muitas vezes há a necessidade de ‘acerto dos ponteiros’ para que determinadas situações se modifiquem, seja no ritmo de vida, nos rituais, nas crenças, nos hobbies. “Mas nem sempre é tão simples, a adaptação exige compromisso. É você poder aceitar se modificar para viver com o outro. Esse é o sentido exato do casamento hoje”, diz Ana. “Já teve época que a fidelidade era a coisa mais importante, da moça ser virgem… Hoje, os relacionamentos são ‘mais tranquilos’. Se não deu certo, separa”, acrescenta.

Qual seria, então, o segredo de sucesso dos casais felizes? “Um relacionamento bem sucedido é aquele em que as pessoas com facilidade cedem de um lado e do outro.Esse tem as melhores chances de dar certo”, afirma a psicóloga Ana Bock.  Há, ainda, casos em que a transformação é tão forte que amigos e familiares chegam a notar. “Se uma pessoa passa por isso e se torna feliz, isso significa que o outro veio para exigir mudanças que ela sempre desejou, mas nunca teve coragem de assumir”, diz.

Ainda sobre os benefícios de aceitar determinados hábitos e estilos de vida, Ana afirma que nos dias de hoje, os casais devem se relacionar de igual para igual. “Nosso pensamento cultural é de moeda de troca. Teve época que não foi. As mulheres cediam e pronto. Hoje não. Quando só um cede, por mais que pareça harmônico, isso poderá não dar certo”, afirma a psicóloga. “É importante, ainda, verificar até onde uma pessoa pode se submeter à mudanças. O limite está justamente na sua dignidade. Nos seus valores. O que a gente vê é que muitas desavenças e separações estão exatamente nesse campo. Ou porque são pessoas intransigentes, ou submissas… São relações difíceis de perdurarem. Esse que é o problema. Na paixão, a pessoa pensa que vai ser muito fácil ceder, mas no decorrer do tempo, pode não ser tão fácil”, diz Ana.

Fonte: daquidali