Dilema de mãe: saiba como lidar quando seus filhos são preguiçosos com a lição de casa
Preguiça e mentira são sintomas, não o problema. “Diante das duas, os pais devem acender o sinal amarelo e ficar atentos”, aconselha a psicopedagoga Maria Irene Maluf, especialista em neuroaprendizagem, de São Paulo. Aos 6 anos, o natural é a criança querer aprender e fazer tudo, pois as conexões do cérebro estão em desenvolvimento acelerado. Já a fase de fantasia ficou para trás, e a mentira torna-se um recurso de proteção ou de compensação – por exemplo, contar vantagem para não se sentir inferior. Sua filha está perto de passar para uma etapa de ensino mais formal, e a lição de casa tem a função de ajudá-la na transição.
Talvez ela ainda seja imatura para dar conta das responsabilidades que terá daqui para a frente. Ou tenha dificuldade em aceitar desafios e, por medo de errar e decepcionar os pais, oculte as tarefas. O problema pode estar ainda na falta de modelo na família. “Se a mãe diz que é importante estudar, não pode reclamar de não viajar no fim de semana porque o filho tem lição. A criança precisa de coerência e não entende exceções”, afirma Irene. Vale verificar também se as tarefas são adequadas: elas devem consumir, no máximo, 30 minutos do dia. Caso contrário, a saída é conversar com a professora e a escola. Embora se trate de uma garota esperta e falante, pode haver ainda algum transtorno de aprendizagem latente, que só deve se manifestar completamente aos 7, 8 anos.
Deixar a tarefa de lado muitas vezes oculta uma dificuldade com habilidades básicas para a alfabetização. Se a criança não é capaz de recortar, vai evitar essa tarefa. Pode ser que não consiga segurar o lápis direito e mais tarde isso derive para uma disgrafia (incapacidade de escrever de maneira legível). E assim acontece com dislexia, déficit de atenção e outros distúrbios: eles sempre são precedidos de sinais. Mesmo que a dificuldade tenha origem pontual – como uma escola inadequada, uma agenda que não deixa tempo para brincadeiras ou uma família exigente demais –, é recomendável redobrar a atenção e, se possível, buscar a avaliação de um especialista. “Não é prudente esperar soluções espontâneas”, alerta Irene. “A experiência mostra que, até os 6 anos, quase todos os problemas de aprendizagem podem ser controlados de modo a não prejudicar a alfabetização e a autoestima.” Para Simone Gasparetto, psicóloga e terapeuta comportamental cognitiva, de São Paulo, a situação parece mais uma combinação de imaturidade da criança e abordagem incorreta da família. “Mesmo quem entrou cedo na escola precisa de um acompanhamento passo a passo nessa fase escolar”, afirma.
Um bom começo é preparar um local adequado e criar uma rotina para a lição. “Não adianta perguntar se tem tarefa, pois a criança às vezes esquece. É melhor buscar saber como foi o dia na escola e ir chamando pela memória até ela lembrar do dever de casa”, sugere Simone. E verifique, você mesma, a pasta e a agenda. “Se houver tarefa, incentive sua filha a fazer e fique por perto”, diz a expert. A proximidade dará uma visão real das dificuldades da sua pequena e permitirá avaliar se ela está fazendo progressos ou se há necessidade de ajuda especializada.
Fonte: Claudia