Ovo não é vilão!

Assim como nós, você já deve ter perdido a conta de quantas vezes ouviu dizer que ovo era o maior perigo para o seu coração. Esqueça tudo: os cientistas agora garantem que ele é do bem.

Se você tinha banido o ovo do cardápio em nome do seu coração, do seu peso e da sua saúde, coloque-o de volta já! Justamente por esses motivos. Depois de décadas, o alimento acaba de sair da lista dos maiores inimigos da boa dieta. Coma cozido na salada, use no preparo de bolos e coloque em prática suas habilidades de mestre-cuca para fazer uma omelete de dar água na boca. Vale a pena!

Revendo conceitos
Sim, o ovo é realmente rico em colesterol. “No entanto, os níveis de colesterol plasmático aumentam principalmente pelo consumo de gorduras saturadas, como a presente na manteiga, na carne vermelha e nos queijos amarelos, e não pelo consumo de colesterol propriamente dito, como o que existe nos ovos”, explica a nutricionista Anna Castilho, do serviço de personal chef Salive. Isso significa que não, ele não é inimigo do coração! Aliás, esse mito vem sendo revisto desde 1999, quando um estudo da Universidade Harvard, nos EUA, anunciou não haver descoberto evidências que associassem o consumo de ovos ao risco de doenças cardiovasculares ou derrames. Depois, ficou provado também que a lecitina presente no ovo ajuda a reduzir a absorção intestinal do colesterol.

Em paz
É assim que anda a relação do ovo com seu coração, segundo os pesquisadores. Um estudo recente, feito pela Universidade de Alberta, no Canadá, sugere que o alimento possa ajudar a prevenir essas doenças e o câncer. Isso porque a gema (que sempre foi condenada) contém triptofano e tirosina, dois aminoácidos com propriedades antioxidantes. Seu poder seria equivalente ao da maçã!

Amigo da mulher
Você sabe que o selênio, o zinco e as vitaminas A e E são antioxidantes que ajudam a prevenir o envelhecimento precoce. O ovo tem esses nutrientes de sobra! Além de vitaminas do complexo B, como o ácido fólico, básico para grávidas ou mulheres que querem engravidar, e de ferro, que atua no combate à anemia, e de colina. “Essa substância influencia o desenvolvimento da memória durante a fase embrionária”, afirma a nutricionista Lara Natacci, da Dietnet Assessoria Nutricional, em São Paulo. Um estudo de 2008 apontou que ela pode diminuir o risco de câncer de mama em 24%.

Ganhe massa
Haja proteína! “O ovo é tão bom quanto a carne e pode ser um excelente substituto desse alimento”, garante Anna. Isso é boa notícia por três motivos. Primeiro: “Por ser fonte de proteína de origem animal, o ovo fornece todos os aminoácidos essenciais para o corpo. É considerado um alimento nutricionalmente completo”, diz a nutricionista Laís Cruz, da Nutriessencial Consultoria, em São Paulo. Segundo: esse nutriente atua na reconstrução dos músculos no pós-exercício — a clara, por exemplo, é rica em albumina e pobre em gorduras. Terceiro: proteína dá a sensação de saciedade. Uma pesquisa da Universidade de Connecticut, nos EUA, mostrou que comer ovos no café da manhã pode ajudar a controlar a fome e reduzir o consumo de calorias durante o dia.

Oba, tem mais!
“Na gema estão presentes carotenoides antioxidantes como luteína e zeaxantina, que atuam na proteção da região macular da retina”, afirma Laís.

Fique ligada
Os especialistas garantem que o ovo só deve ser excluído da dieta em um caso: alergia a albumina, a principal proteína da clara. E um estudo publicado na revista Diabetes Care sugeriu que ele pode aumentar o risco de diabetes do tipo 2, mas os especialistas garantem que o estudo é preliminar.

Nas prateleiras
Brancos, vermelhos, caipiras… Há uma variedade cada vez maior de ovos. Entre os dois primeiros tipos, não há grandes diferenças nutricionais — tem a ver com a raça do animal. “O teor de proteínas dos ovos de galinha caipira é o mesmo dos de granja; a diferença é que os caipiras têm mais retinol (vitamina A) e carotenoides, antioxidantes que protegem, em especial, a região macular”, diz Laís. Outra vantagem é que eles não têm tantos antibióticos. Em relação aos ovos enriquecidos com ômega 3, especialistas ainda questionam se há benefícios adicionais. Vale lembrar que os ovos contêm naturalmente o ácido graxo.

Acerte o preparo!
Se o ovo não afeta a saúde do seu coração, saiba que a forma como ele é preparado pode mudar esse cenário. Evite comê-los fritos (cheios de gorduras saturadas). “Prefira os cozidos, mexidos e omeletes. Ele nunca deve ser consumido cru para evitar problemas com a salmonela, bactéria que morre após a cocção”, indica Anna. Segundo a nutricionista, consumir três vezes por semana é a conta ideal.